Blogue do livro "Na Rota do Yankee Clipper" - de José Correia Guedes @ Chiado Editora, Lisboa. Dezembro de 2012.

Diário de Notícias , 22 de Fevereiro 1943

AFUNDOU-SE O CLIPPER , AO DESCER EM CABO RUIVO
"Foi ao fim da tarde de ontem . Chovia e trovejava . Vindo da América do Norte , depois de ter feito escala pelos Açores , cruzava o céu de Lisboa em direcção ao aeroporto de Cabo Ruivo um dos Clippers das carreiras transatlânticas .
Seguiu Tejo acima . Entrou em contacto com o posto de comando do aeroporto e preparava-se para a manobra de amaragem .
Na altura de descrever a curva , súbitamente e por causas ainda desconhecidas , a potente aeronave tocou brutalmente na água . E , em momentos , o Clipper afundou-se .
Andava ali próximo - a uns 800 metros de distância da ponte de desembarque - o "gasolina" da Pan American , a acompanhar a manobra de amaragem . À proa , um dos técnicos da companhia , senhor Bounds . Imediatamente seguiu para o local . Na esteira foi-lhe o "gasolina" da British Overseas e uma lancha que passava próximo .
Logo que o acidente se verificou , a tripulação , num gesto magnífico de noção das suas responsabilidades , tratou de salvar as mulheres que vinham a bordo .
A lamentável notícia correu Lisboa de lés-a-lés e rápidamente se tomaram as providências que a triste ocorrência exigia .
Eram 18 e 47 quando o acidente se registou .
Pouco depois comparecia no aeroporto o sr. dr. Ribeiro da Cunha que , em nome do sr. Presidente do Conselho superiormente orientou as providências a tomar . Não se fizeram esperar os socorros dos Sapadores Bombeiros dos Voluntários da capital e das corporações de assistência . Mas , dada a gravidade do desastre e o número de feridos , os socorros civis não bastavam e houve que solicitar ao Ministério da Guerra a sua cooperação . Para Cabo Ruivo seguiram ambulâncias do Governo Militar ".