Blogue do livro "Na Rota do Yankee Clipper" - de José Correia Guedes @ Chiado Editora, Lisboa. Dezembro de 2012.

Limitações e Curiosidades

Estas são as velocidades constantes do "placard" instalado no painel frontal do B314 , que revelam uma velocidade de cruzeiro relativamente baixa e a incapacidade do aparelho em manter altitudes superiores a 7500 ft em caso de falha de um dos motores . Quer isto dizer que , nessa configuração , os Clipper não poderiam sobrevoar a Ilha do Pico , nos Açores , cuja altitude é superior a 7700 ft .
Mas existem outras particularidades na operação destas aeronaves . Vejam esta , por exemplo , retirada dos manuais de operações da Pan Am .
"Qualquer hidroavião tem problemas na operação com ventos cruzados . O vento irá fazer com que a asa "upwind" ( do lado de onde o vento sopra ) levante e , em consequência , a asa oposta tenda a tocar na água e , num B314 , se isto acontecer , a hélice do motor exterior dessa mesma asa também mergulha , dobrando-se imediatamente , ficando inutilizada . A Pan Am adoptou um sistema que consiste em enviar os tripulantes extra ( extra crew ) para o túnel de acesso aos motores , situado no interior da asa "upwind" , de forma a criar "lastro" suficiente para que esta não levante . O local é extremamente ruidoso , mesmo com potências de motor reduzidas , mas é necessário manter o motor exterior "upwind" em regime máximo para compensar a deriva causada pelos três estabilizadores verticais , que tendem a virar a proa do hidro na direcção de onde sopra o vento . Os conhecimentos de marinhagem são muito importantes nestas condições pois , apesar de tudo , estamos a tratar de um barco ... voador ".